Uma pequena célula humana
Paiva Netto
É preciso manter a atenção constante aos fatos. Por
menores que sejam, podem tornar-se tormentosos. Diante da vastidão do planeta,
um ser humano é minúsculo, mas como é imensa a sua importância; portanto, a dos
seus atos também. Valho-me, por exemplo, da Primeira Guerra Mundial, que, em 28/7,
completou 100 anos.
Um mês antes, quem matou, em 28 de junho de 1914, o
arquiduque Francisco Ferdinando e a esposa, Sofia, desencadeando, mesmo como
pretexto, a partir da pequena Sérvia, o primeiro grande conflito? Uma minúscula
célula humana. Não significa que eu esteja desfazendo do seu valor como criatura,
porém necessito formar uma comparação. Usaram-no capciosamente como estopim, ao
que mal sabiam o que seria. É o que não podemos admitir que façam conosco em
tempo algum. Era um jovem ainda, Gavrilo Princip. Assassinou o herdeiro do
império austro-húngaro, em Sarajevo. Tivemos a Primeira Grande Guerra, que
Georges Clemenceau (1841-1929) considerou como a que terminaria com todas as
outras. O primeiro-ministro da França, naquele tempo, representou-a no Tratado subscrito
na Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes, construído por Luís XIV, o Rei
Sol, que também se apagou, por ser passageiro. Esse documento decidiu sobre a
divisão dos despojos da Alemanha, subjugada em 1918, e determinou que ela
pagasse onerosíssimas indenizações aos vencedores. Não souberam gerenciar a
vitória, que requer especial talento. Diversos analistas observam que, por ter
sido muito severo, o Tratado oprimiu por demais o povo alemão, deixando-o à
mercê do primeiro aventureiro que aparecesse. Isso, entre outros fatores,
propiciou a ascensão ao poder de Adolf Hitler (1889-1945), que instituiu, por
onde passou, o repugnante racismo como ideologia de Estado. E deu no que deu,
porque racismo contra um será fatalmente contra todos. Arrastou os povos,
incluído o Brasil, ao Segundo Grande Conflito Mundial (1939-1945), que chacinou
e feriu milhões de pessoas. Outro pormenor: o sombrio Adolf subiu ao poder com
minoria de votos. Depois, usando de vários artifícios, até mesmo contra o
Marechal Hindenburg, destruiu a frágil República de Weimar, tornando-se ditador
incontestável. Era um estratego,
acham alguns. À serpente denunciada no Apocalipse de Jesus (12:9) não se deve
permitir levantar a cabeça de novo. Devemos aludir também ao fato de que ela
não se apresenta obrigatoriamente de forma espetacular. É infiltrante,
intrometida, astuta. Exerce, com solércia, a sedução. Atentemos para a violência
que cresce no mundo! Existem aqueles que, em determinadas circunstâncias, a
consideram um “mal necessário”. E assim estabelecem perigoso equívoco.
Então, qualquer ato “pequeno” poderá repercutir
globalmente. Não são apenas as medidas próprias de estado que recaem sobre nós,
por toda a parte. Não! As nossas atitudes igualmente, por menores que sejamos,
refletem-se em extensão. A coletividade somos nós multiplicados. É tal qual uma
charada a pedir decifração, um emaranhado de destinos, estabelecendo roteiros
nem sempre agradáveis.
Para o Criador, todas as Suas
criaturas são importantes. É urgente que aqueles que influenciam o mundo
entendam que o ser humano é Patrimônio Divino, antes que seja tarde. Recordemos
um antigo ditado que avisa: “O graveto é que derruba a panela”.
O povo precisa instruir-se, espiritual e intelectualmente,
para saber melhor influenciar sua própria destinação. Instruído e
ecumenicamente espiritualizado, saberá defender-se com acerto no terceiro milênio
que apenas se inicia.
SOLIDARIEDADE
Na quarta-feira, 13/8, em um acidente aéreo
na cidade de Santos/SP, faleceu o político pernambucano Eduardo Henrique
Accioly Campos. Voltaram também à Pátria Espiritual as demais pessoas que
estavam na aeronave: os pilotos Geraldo da
Cunha e Marcos Martins; Carlos Augusto Leal Filho, assessor de imprensa; Pedro
Valadares Neto, assessor de campanha e ex-deputado federal; Alexandre Severo
Gomes e Silva, fotógrafo; e Marcelo Lyra, cinegrafista.
Candidato à Presidência da República nas
eleições deste ano, Campos chegava ao litoral paulista para cumprir agenda de
sua campanha.
Desejo, neste momento, prestar nossa
solidariedade e rogar a Deus conforto espiritual para a mãe do doutor Eduardo,
dra. Ana Arraes, excelentíssima ministra do Tribunal de Contas da União; à respeitável esposa dele, dona Renata; aos cinco
queridos filhos; à ex-ministra Marina Silva; aos correligionários políticos; e
a todos os entes amados das vítimas dessa tragédia.
Ao Espírito eterno dos que
faleceram, as vibrações de Paz da Legião da Boa Vontade, LBV.
José de Paiva
Netto, jornalista, radialista e escritor.
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