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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Mamar estimula a musculatura e evita distúrbios bucais, diz especialista

O ato também facilita e fortalece os dentes


Correio Braziliense


Carolina Cotta
 
 
 
Belo Horizonte — A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta: o leite materno é um alimento completo e deve ser exclusivo durante os primeiros seis meses de vida. O reforço do vínculo entre mãe e filho, a proteção contra infecções e a prevenção da mortalidade infantil são benefícios conhecidos do aleitamento. Mas nem todos sabem que ele traz ganhos importantes também para a saúde bucal. Quando mama, o bebê desenvolve a capacidade de mastigar, deglutir, falar e respirar. Além disso, o ato ajuda a posicionar os dentes, prevenindo desarmonia entre as arcadas dentárias e distúrbios da fala.

Segundo Sylvia Lavinia Martini Ferreira, vice-presidente da Associação Paulista de Odontopediatria, sugar o leite exige da criança um enorme esforço muscular. Ela ajusta os lábios ao seio da mãe e mantém a respiração pelo nariz, contribuindo para o adequado crescimento dos maxilares, com espaço suficiente para a erupção dos dentes. Ao avançar e retrair a mandíbula, o bebê exercita todo o sistema muscular, preparando a boca para a função mastigatória e respiratória. “Muitos odontopediatras consideram o aleitamento materno o primeiro aparelho ortodôntico”, explica.

Isso porque o ato estimula, direta ou indiretamente, o desenvolvimento da boca, evitando maloclusões e contribuindo para o equilíbrio da postura do bebê. Na ordenha do leite, ele trabalha a musculatura, fazendo com que os dentes cresçam. “O desenvolvimento craniofacial é estimulado exatamente por esse esforço. Fora isso, o aleitamento materno consegue estimular uma respiração correta, que, por sua vez, ajuda no crescimento ósseo, diferentemente do que ocorre com os que respiram pela boca e pelo nariz. Quando mama, o bebê aprende a alternar mamada e respiração”, explica.

Também odontopediatra, Luciana Quintão, 37 anos, está amamentando Beatriz, de 2 meses. Quando teve o primeiro filho, uma enfermeira, ainda no hospital, alertou que ela teria problemas por não ter o bico do seio muito definido. Mas nada disso aconteceu. Enquanto Beatriz mama, Luciana tenta observar se ocorre a vedação entre a boca e o seio, pois esse selamento é essencial. Esse movimento fisiológico não se reproduz com o uso de mamadeiras. “Fora a troca de carinho, cheiro, olhar. A criança reconhece a mãe, mas também não acho que quem não mama no peito não tem esse vínculo”, defende.

Luciana defende que as limitações de cada mãe também sejam levadas em conta. “Tenho uma amiga com depressão que não está dando conta. As pessoas têm um limite físico e emocional. É preciso acordar, colocar a criança no peito, esperar. Não é todo mundo que consegue. Eu vou tentar que minha filha se alimente exclusivamente de leite materno até os 6 meses, mas, se perceber que ela está com fome ou sem ganhar peso, farei a complementação. Existe muito tabu na amamentação, uma pressão muito grande e muitas mulheres têm medo de um julgamento. Mas a mãe é uma pessoa com limites, antes de tudo”, defende.
 
 
 
 
 

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