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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Greve de profissionais da saúde aprofunda crise em hospitais do DF

Além de enfrentar longas filas, brasilienses sofrem com atendimento precário ou ausência de profissionais de saúde. Procuradoria-Geral do DF ajuizou uma ação para pedir o fim da paralisação. Governo negocia mais uma vez com a categoria.

 postado em 15/01/2015 06:09 / atualizado em 15/01/2015 07:31
 Manoela Alcântara , Ailim Cabral , Luiz Calcagno -Correio Braziliense

No HRT, a professora Flávia Alves,
ainda sem ter recebido salário, voltou com o filho para casa,
mesmo depois de uma convulsão: sem neurologista
A paralisação dos profissionais de saúde, somada ao sucateamento da rede pública de saúde, ampliou o sofrimento dos brasilienses à procura de atendimento hospitalar. Mesmo quem passa pela triagem e chega até o médico, depois de longas horas de espera, pode voltar para casa sem o tratamento devido ou até sem o diagnóstico. Nas unidades de saúde da capital brasileira, faltam materiais para fazer exames, remédios, vacinas, além de profissionais para prestar atendimento. Ontem, o Correio percorreu cinco unidades em diferentes regiões e a palavra recorrente entre os usuários foi: desrespeito.

No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os pacientes estavam revoltados. A professora Flávia Alves, 35 anos, se desesperou com a falta de informação. O filho dela, de 11 anos, tem problemas psiquiátricos e, ao meio-dia, sofreu uma convulsão. “Ele chegou desmaiado e foi direto para a pediatria. Tomou soro e foi liberado. Segundo o médico, ele precisava ser atendido por um neurologista e no local não havia. Ele me mandou ir para outro hospital”, relatou. A maior reclamação da professora foi ter saído da unidade sem saber o que o filho tinha. “Vou pagar um atendimento em um hospital particular. Não recebi nem meu salário ainda, mas não posso ver meu filho nessa situação”, completou.
A crise na saúde se agravou no fim de 2014, quando o governo começou a atrasar salários e benefícios. Em 9 de janeiro deste ano, auxiliares administrativos, técnicos de enfermagem e outros profissionais que, juntos, somam 104 categorias entraram em greve. Apesar de ter recebido o salário no sábado, os servidores representados pelo SindSaúde ainda não sabem quando 13º, horas extras e férias entrarão na conta. “Nós decidimos parar as atividades até que o problema seja normalizado. O governo afirmou que não dará o calote, mas queremos uma proposta formal sobre a maneira que eles encontrarão para quitar as dívidas”, afirmou a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindsaúde), Marli Rodrigues.

Reunião
Hoje, o governo apresentará uma proposta aos trabalhadores. Amanhã eles decidirão se mantêm as paralisações. A Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) ajuizou uma ação no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para pedir o fim da greve. No documento, afirmou que a paralisação é ilegal por três motivos: “a ausência de notificação prévia, a gravidade da suspensão do serviço público de saúde e o desrespeito à negociação que está em curso”, diz nota divulgada pela PGDF. No mesmo dia em que a greve foi judicializada, dentistas, médicos e enfermeiros decidiram apoiar o movimento do SindiSaúde. Por volta de 11h30, as categorias fecharam três vias do Eixo Monumental para protestar.

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