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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Empresários do varejo se preparam para um ano de dificuldades

Para enfrentar a alta dos juros, do IOF e de impostos, comerciantes não efetivam temporários contratados no Natal e retornam à antiga prática de compras consignadas - só pagam ao fornecedor quando vendem a mercadoria.

 postado em 27/01/2015 06:00 / atualizado em 26/01/2015 23:25
 Diego Amorim  - Correio Braziliense

Thaís Peternella
aposta no serviço diferenciado
 para se manter no mercado
Desta vez, o recorrente chororô dos comerciantes faz todo sentido. O cenário desfavorável da economia brasileira tem levado o varejo a se preparar para um período mais complicado do que 2014, quando as vendas podem ter amargado o pior desempenho em 11 anos. A combinação de juros altos acompanhados de inflação e reajustes em impostos e tarifas públicas tende a inibir o consumo das famílias e a obrigar os empresários a se virarem para manter as portas abertas.

As estimativas para 2015 fazem coro às queixas nada animadoras dos lojistas. O encarecimento do custo de vida, incluindo o do crédito, afastará os brasileiros das compras, salvo um movimento completamente contrário ao que o próprio varejo espera. “Estamos colhendo frutos de uma política econômica marcada por improvisos, mudanças de meta e tolerância com a inflação”, elenca o economista Christian Travassos, da Fecomércio do Rio de Janeiro.

Com as vendas em queda e os despesas em alta, os comerciantes — principalmente os pequenos — sofrem para fechar o caixa e não pensar em abandonar o negócio. O primeiro reflexo do ambiente adverso em 2015 pôde ser percebido logo nos primeiros dias de janeiro: a maior parte dos lojistas dispensou os trabalhadores temporários, algo inédito nos últimos anos. Geralmente, o varejo retém, em média, 20% dos empregados convocados para reforçar as equipes durante o Natal.

O nível de emprego no comércio despencou em 2014, com a abertura de 140,8 mil postos de trabalho, quase metade do total registrado no ano anterior. O apetite por novas vagas no setor foi o mais fraco desde o início da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, em 2002. “Acabou o período da bonança. O carro, agora, está descendo a ladeira”, compara o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fábio Bentes.

Este ano, confirmado o menor volume de vendas, os lojistas planejam contratar menos. Bentes acredita, inclusive, que quem precisar de novos funcionários oferecerá salários menores, tornando a remuneração mais atrelada ao pagamento de comissões. Desde 2009, o faturamento cresce em ritmo menor do que o custo trabalhista dos lojistas. “Para amenizar essa diferença, espera-se uma maior flexibilização do salário com futuros empregados”, reforça o economista.

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