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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Taguatinga lidera casos de agressões a mulheres, com 3,5 mil processos

É cada vez maior a quantidade de processos abertos contra homens acusados de humilhar, espancar e até matar as companheiras

Correio Braziliense






Sete anos de namoro, dois de casamento, um bebê de oito meses e muitas agressões. Esse foi o saldo do relacionamento que acabou em ocorrência, ação na Justiça e muita tristeza para a professora Fátima*, de 32 anos. “Por muito tempo, aguentei calada porque acreditei que ele poderia mudar. Depois que a minha filha nasceu e ele continuou me batendo, decidi dar um basta”, conta. O caso dela é um dos 3,5 mil em tramitação no Juizado de Violência Doméstica de Taguatinga, que, hoje, ocupa o primeiro lugar no DF em número de processos dessa natureza — no total, são 8.167.

A demanda crescente obrigou o titular do juizado a organizar um mutirão para atender com mais agilidade as vítimas. “As mulheres têm sentido a presença do Estado e, por isso, buscam mais o direito a uma vida livre de violência. Quando ela vai à delegacia e ao judiciário é bem atendida, percebe que não está sozinha nesse enfrentamento”, afirma Taciano Vogado, que assumiu o juizado em abril de 2012.

Dividido em duas fases, o esforço concentrado vai promover cerca de mil audiências — de instrução e julgamento de ações penais e de requerimento de medidas protetivas. A primeira etapa seguiu até 27 de junho, e a segunda está marcada para julho. A iniciativa recebeu apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF, que, por meio da Comissão da Mulher Advogada, reuniu 23 profissionais para trabalharem de forma voluntária no mutirão. “As brasilienses estão apanhando e morrendo, não há mais tempo a esperar”, diz a advogada Lúcia Bessa, uma das organizadoras.

A professora Fátima demorou para denunciar a violência, mas tem certeza de que não estaria viva se permanecesse ao lado do ex-marido. Em dezembro do ano passado, saiu de casa em uma madrugada chuvosa e procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Com as costas marcadas pela pancada dada pelo então companheiro com uma tábua de passar roupa, chegou à polícia com a filha recém-nascida nos braços. “Todos foram muito prestativos, senti-me acolhida e tive a certeza de que não queria mais aquele homem ao meu lado”, lembra.


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