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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Pomar brasiliense: Eixo Monumental tem 580 árvores frutíferas



Correio Braziliense



Em Brasília, o concreto e a paisagem natural têm um diálogo muito próximo. Ao mesmo tempo em que a cidade é reconhecida pelos imponentes monumentos arquitetônicos, o verde também fala muito sobre a história da capital, antes mesmo do início da construção, em 1956, com a introdução de conceitos como o de cidade-parque. Entre as 5 milhões de árvores plantadas em todo o Distrito Federal, 950 mil dão frutos. E elas estão por todo lado, desde a Esplanada dos Ministérios, com 90 exemplares de mangueiras, até o Parque da Cidade, que, no início deste ano, recebeu 1,1 mil espécies com frutos, entre eles o ingá, o jenipapo, o jatobá e a amoreira. Além das nativas do cerrado, há exemplares não tão comuns ao bioma, muitos deles plantados por moradores da cidade naturais de outras regiões brasileiras. Em algumas quadras do Plano Piloto, é possível observar desde pés de acerola, jaboticaba, goiaba, até pés banana.


Em frente ao Bloco A da 708 Norte, há um verdadeiro pomar. É possível colher direto do pé framboesas, pitangas, laranjas, limões, maracujás e outras frutas. Desde que se mudou para o prédio, há três décadas, o bancário aposentado Celso Soares, 62 anos, tem o hábito de plantar. Ele estima ter alcançado 30 espécies diferentes. “Sou filho de agricultor e natural da cidade de Pires do Rio (Goiás). Sempre ouvi o meu pai falar a frase ‘O que você colhe hoje vai plantar amanhã’, então, inspirado nas palavras dele e também para lembrar um pouco da minha terra, faço isso”, contou. Algumas árvores chegam à janela de Celso, morador do primeiro andar do prédio. E, segundo ele, é possível colher algumas dali mesmo. “A maioria das frutas eu não preciso comprar no supermercado. Eu pego daqui mesmo. É um orgulho ver as pessoas colhendo os frutos de uma árvore que você plantou”, concluiu.

Nas quadras do Plano Piloto, há entre 6% a 10% de árvores frutíferas, como revela o diretor do Departamento de Parques e Jardins da Campanhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Rômulo Ervilha: “Plantamos em torno de 200 mil mudas por ano no DF. Muitas também são cultivadas pela população, que, geralmente, traz exemplares de outras cidades. Claro que o morador pode plantar, mas também é necessário receber orientação da Novacap”. De acordo com Ervilha, as espécies mais plantadas pelos moradores de Brasília são as mangueiras e os abacateiros.

Cuidado
Um grupo de colegas de trabalho da construção civil apanhava abacates na 315 Norte, em frente ao Bloco B, ontem pela manhã. No local, foi instalada uma faixa para alertar os pedestres sobre as constantes quedas do fruto. Segundo o síndico do edifício, o administrador Cléber Elias de Souza, 45 anos, a medida foi tomada para evitar acidentes. “Nunca aconteceu nada, mas colocamos o aviso depois de solicitar a poda para a Novacap. Na ocasião, eles nos informaram não ser possível cortá-la em função tombamento de algumas espécies”, esclareceu. “O nosso temor é de que as pessoas subam nas árvores, que são muito altas, e aconteça alguma coisa. De toda forma, aqui sempre tem gente pegando, principalmente os que caem. Os moradores dizem que os frutos são de ótima qualidade”, completou Souza, que afirma nunca ter experimentado o abacate.

Entre o grupo que apanhou abacates na 315 Norte, estava o servente de pedreiro Tancredo Almeida, 26 anos. Ele chegou a subir cerca de 10 metros até a copa da árvore para apanhar algumas frutas, enquanto outros dois colegas pegavam as que ele jogava, com a ajuda de uma sacola. A atitude arriscada chamou a atenção de quem passava. “Desde pequeno, subo em árvore, sou acostumado. Aqui em Brasília, colho de tudo, principalmente na Asa Norte. Manga, abacate, goiaba tem muito na cidade. Especialmente quando a minha mulher estava grávida, levava muita jaca para ela”, detalhou. O operador de máquinas Brás Sousa Bonfim, 46 anos, completou: “Fazemos isso principalmente no nosso período de almoço. Usamos as frutas como uma espécie de lanche, além de levá-las para casa. Isso é ótimo, pois, pelo menos, o brasiliense não passa fome. Hoje, por exemplo, conseguimos pegar uns 20 abacates e eles devem durar até sexta-feira”, arrematou Bonfim, que mantém o hábito há 17 anos.

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