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terça-feira, 29 de julho de 2014

Receoso com o futuro, consumidor agora foge do crédito

Dias após o Banco Central anunciar uma injeção de R$ 45 bilhões na economia a fim de estimular a oferta de recursos para financiamentos, sobretudo no comércio, consumidores mostram cautela e temor com o futuro
Correio Braziliense



Enquanto tenta limpar o nome, a dona de casa Maria de Fátima Ribeiro já tem uma certeza: nunca mais vai acumular dívidas

Receoso de perder o emprego e tentando contrair menos dívidas, o consumidor reduziu seu apetite por novos financiamentos ao menor nível em quatro anos. Dados divulgados ontem pela Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) apontam uma demanda 2,5% menor no primeiro semestre em comparação a igual período de 2013. Ao longo de 12 meses, a queda foi de 1,4%, mas já é a maior da série histórica iniciada em janeiro de 2010.

A inflação, o crédito mais caro e o menor ritmo de crescimento da renda real são como os principais fatores para a freada. “A desaceleração da economia tem minado as expectativas da população, que está cada vez mais cautelosa em relação ao consumo”, explicou Flávio Calife, economista da SCPC.

No comparativo mensal, de junho sobre maio de 2014, a redução foi de 2,2%. E de junho frente ao mesmo mês do ano passado, a queda foi maior: 6,5%. “Não é um dado positivo do ponto de vista de consumo. Mas mostra uma preocupação maior do consumidor, que está procurando a saúde financeira da família”, avaliou.

Esse é o caso do assistente administrativo Antônio Marcos da Cunha, 41 anos. Com quase um terço do orçamento familiar preso pelas prestações de dois móveis e um eletrodoméstico, ele não tem disposição de se endividar mais. Apesar do desejo de comprar um carro, pretende economizar para dar a entrada em dinheiro e só quando acabar os débitos atuais. “Estou enxugando gastos. Há dois meses, a conta do meu cartão de crédito vinha cerca de R$ 500. Reduzi esse valor à metade”, comemorou.


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