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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Chegada prematura de bebês está relacionada a doenças como hipertensão

O nascimento de bebês antes do tempo mínimo de 37 semanas pode causar complicações neurológicas e visuais


Correio Braziliense


Belo Horizonte - “Na contramão do mundo, aprendi a contar o sucesso em pequenas medidas: centímetros, gramas e mililitros.” O relato comovente de Mariana Rosa, 37 anos, mãe da pequena Alice, hoje com 10 meses, descreve as conquistas diárias de um bebê que nasceu com 29 semanas - o equivalente a sete meses de gestação - 31cm e 900g. Assim como Alice, milhares de crianças vêm ao mundo antes de completar o período gestacional mínimo de 37 semana. Elas representam 11,3% de todos os partos realizados no Brasil, índice 60% maior que o registrado na Inglaterra e no País de Gales, por exemplo. Segundo dados mais recentes do Ministério da Saúde, em 2012, 245 mil crianças nasceram antes do esperado, número que já foi de 109 mil em 2000.

As causas do parto pré-termo ou prematuro estão relacionadas principalmente a doenças maternas, como hipertensão, diabetes, infecção uterina e urinária, descolamento prematuro da placenta, entre outras. Mas a situação também pode ser motivada por patologias congênitas do bebê, como as respiratórias e cardíacas, e até por gestação múltipla, quando a mulher gera mais de um bebê. “Por isso, é de suma importância fazer um pré-natal adequado, com consultas de rotina, já que existem vários métodos para diagnosticar, tratar e prevenir complicações. Desde que o bebê não corra risco intrauterino, o que se faz é tentar postergar ao máximo o nascimento”, explica a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica (UTIP) do Hospital Mater Dei de Belo Horizonte, Wania Calil Nicoliello. O Ministério da Saúde indica que sejam realizadas, no mínimo, sete consultas ao longo da gestação.

As cesarianas agendadas também estariam entre as causas da prematuridade. “Isso porque o ultrassom que indica a idade gestacional tem uma margem de erro de 15 dias para mais ou para menos. Com isso, 38 semanas podem ser, na verdade, 36”, explica a pediatra Fabíola Coelho, do Hospital Sofia Felman. Levantamento inédito realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicou que 35% dos partos ocorrem com 37 a 38 semanas gestacionais. Embora não sejam considerados prematuros, são bebês que poderiam ganhar mais peso e maturidade se tivessem a chance de chegar a 39 semanas. “A epidemia de nascidos com 37 ou 38 semanas no Brasil é, em parte, explicada pelo número elevado de cesarianas agendadas antes do início do trabalho de parto, especialmente no setor privado”, alerta o estudo.


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