Translate

quinta-feira, 3 de março de 2016

Estudantes ajudam no combate ao aedes aegypti nas escolas públicas do DF

Eles foram instruídos desde o início do ano letivo, na última segunda-feira, a inspecionar lugares que podem conter focos ou larvas do mosquito.

 postado em 03/03/2016 10:29 - Correio Braziliense

Na aula de português da professora Mary Anne Andrade: "O governo, sozinho, não conteve o surto"
Estudantes da rede pública de ensino estão se mobilizando para combater o aedes aegypti — mosquito transmissor da dengue, do zika vírus e do chicugunha — nas escolas do DF. Eles foram instruídos desde o início do ano letivo, na última segunda-feira, a inspecionar lugares que podem conter focos ou larvas do mosquito. Trata-se de uma iniciativa da Secretaria de Educação (SE) para o Dia Letivo Temático, que ocorre nas próximas semanas, e fala, pela primeira vez, sobre os perigos causados pela dengue. A data faz parte do calendário da rede pública e, por causa do surto da doença, tornou-se prioridade entre as regiões do Distrito Federal.

Todas as escolas foram estimuladas a encorajar os alunos e seus familiares a participar do combate. No Centro Educacional 2 (CED) em Brazlândia, onde há 1,4 mil estudantes matriculados nos três turnos, o trabalho tem surtido efeito. Segundo a vice-diretora Nirley do Carmo, algumas crianças pegaram dengue ou tiveram parentes que contraíram a doença. Por isso, estão tão animadas em ajudar. “Elas sabem como o tratamento é difícil, enquanto, se você olhar bem, a prevenção é feita de maneira simples. Nas salas de aula há um trabalho bem forte sobre o tema”, explicou.

Na aula de português da professora Mary Anne de Andrade, 28 anos, pelo menos oito dos 35 alunos têm algum parente que está ou esteve infectado pelo aedes aegypti. “Brazlândia é o lugar onde mais houve registros de doenças causadas pela picada do mosquito em todo o DF. O governo, sozinho, não conteve o surto. Então, resolvemos tentar controlar a situação agindo em parceria com a comunidade”, explicou. Dois alunos dela já tiveram dengue entre novembro do ano passado e janeiro deste ano.

Foram Beatriz Mendes e Kauan Barbosa, ambos de 12 anos. Eles mora em Regiões Administrativas e garantem que, em casa, cuidam da proteção da família. “Reaproveitamos a água da chuva para limpar a casa, acabando com a água parada, e fiscalizamos locais que podem acumular líquido. Meu primo olha a caixa d'água constantemente. Não queremos passar por tudo aquilo outra vez”, disse a estudante.

O colega de turma, Kauan, também aprendeu a evitar focos do mosquito. “Fiquei doente, cansado e com o corpo doendo. A família fez uma limpeza caprichada e, depois, eu comecei a ajudar. Aprendi como se faz e, agora, vou praticar aqui no colégio”, comentou. Na mesma sala, Geovana Beatriz, 11 anos, filha de uma médica, ensina a importância da prevenção. “Em casa, minha mãe fala sobre usar repelente e tomar remedinho natural — à base de própolis. Mas, além disso, precisamos manter tudo bem limpo e sequinho, para o mosquito não ficar forte morando na água parada”, contou.

Para o coordenador regional de Ensino de Brazlândia, Janduy Procópio Leite Júnior, a iniciativa, realizada com apoio do governo e da população, poderá diminuir os casos envolvendo as doenças transmitidas pelo mosquito na região. “É algo positivo, colaborativo, que pode trazer bons números para o combate contra o aedes aegypti”, afirmou.

Aumento de casos
Os casos de dengue no DF aumentaram 883% segundo o mais recente Boletim Epidemiológico divulgado em 20 de janeiro. A capital federal registrou 305 notificações, ante 31 do último levantamento, do ano passado. Brazlândia registrou 40% dos casos. O volume é 18.21% maior do que os registrados no mesmo período de 2015, quando houve 258 infecções. 

Esse documento mostra que, até o dia 18 daquele mês, a Secretaria de Saúde notificou 10 suspeitas de zika vírus. Contudo, apenas três foram confirmados — duas gestantes do DF e uma de Santo Antônio do Descoberto, município a 40km de Brasília. Houve, ainda quatro suspeitas de febre chicugunha e uma confirmação. Ceilândia, Planaltina e São Sebastião compõe o ranking regiões onde mais se registrou infecções de dengue.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF), Álvaro Domingues, esclareceu que a campanha de combate do aedes também está presente nas escolas particulares. “Fazemos esclarecimentos, ensinamos as crianças e adolescentes a identificar locais de risco e a se prevenir”, contou.

Segundo ele, a ideia é fazer com que a comunidade escolar fique mais engajada com o assunto, de maneira a evitar a propagação das doenças que envolvem o mosquito da dengue. “Desde 23 de fevereiro, todas as escolas filiadas ao Sinepe estão mobilizadas com o tema”, concluiu o presidente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário