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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Perda total dos dentes afeta mais de 40% dos idosos no Brasil

Especialistas, contudo, dizem que, com os cuidados adequados, é possível manter a boca saudável até o fim da vida.

 postado em 16/09/2015 06:05 / atualizado em 16/09/2015 08:22
Belo Horizonte — A idade chega para todos e, com ela, a preocupação em relação ao bem-estar emocional e físico. Entre os cuidados que devem ser tomados por idosos, um que merece atenção especial é a saúde bucal. Dados fornecidos pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, apontam que 41,5% das pessoas acima de 60 anos já perderam todos os dentes. “Infelizmente a população brasileira não tem uma cultura de cuidados odontológicos desde cedo. Achamos que perder os dentes ao longo da vida é algo normal. No entanto, se tivermos a devida atenção, há uma grande possibilidade de chegarmos à terceira idade com os dentes na boca”, explica Regina Bregalda, especialista em implantodontia pelo Grupo de Apoio à Pesquisa Odontológica nas Faculdades Unidas do Norte de Minas (GAPO/Funorte).
Perder os dentes não caracteriza doença bucal, mas a consequência de uma. Engana-se quem pensa que as cáries são doenças exclusivas da infância. “A cárie dentária persiste como o principal problema bucal também na terceira idade”, afirma o doutor em odontologia e especialista em odontogeriatria Marco Túlio de Freitas Ribeiro. A cárie pode ser definida como desequilíbrio do processo de desmineralização dos dentes, com perda de minerais e formação de cavidades dentárias. Inicialmente, quando ainda está em nível do esmalte, é assintomática, mas, a partir do momento que atinge a dentina, pode provocar dor. Os primeiros sinais podem ser manchas brancas.

O especialista explica que os dentes perdem e ganham mineral todo o tempo e que a saliva tem fundamental importância nesse processo. Sendo assim, alterações na produção do fluxo salivar, condição comum em idosos, estão diretamente relacionadas ao aparecimento da cárie nessa faixa etária. “O ressecamento da mucosa dificulta a autolimpeza dos dentes, aumentando o risco desse problema”, diz.

Outra condição muito comum na velhice é a doença periodontal. As gengivas vermelhas e inchadas são os principais sintomas dessa patologia, causada pelo acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes. O quadro clínico pode evoluir para halitose, dificuldade para mastigar e a até a perda da dentição. Essas doenças são determinadas por fatores genéticos, porém estão também associadas à dificuldade que muitos idosos têm de manter uma boa higiene bucal. O tratamento consiste em limpeza da boca para retirada do fator irritante da gengiva — o tártaro. Em alguns casos, pode ser necessária uma cirurgia para limpar também a raiz do dente.

O câncer bucal é frequente entre as pessoas de idade mais avançada. O mal tem como principais fatores de risco o fumo e o álcool e também pode levar à perda de dentes e afetar outras estruturas, como a língua. “As consequências dependem do grau da lesão no momento do diagnóstico, da gravidade do câncer e do tratamento”, explica o odontogeriatra.

Consequências

A falta de dentição pode causar uma mastigação deficitária, levando a uma ingestão inadequada dos alimentos. Essa situação pode levar a um quadro de desnutrição que fragiliza o sistema imunológico, deixando os idosos mais propensos às doenças infecciosas. “A digestão começa com uma boa mastigação, o que é impossível sem a presença de dentes na boca. O alimento é mal mastigado e mal digerido, e os nutrientes não são bem absorvidos pelo organismo”, afirma Regina Bregalda.

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